10/06/2020

Ainda com dificuldade para escoar a produção, setor de floricultura aposta nas vendas para o Dia dos Namorados

Sem previsão para a retomada dos eventos, produtores, distribuidores e demais profissionais do setor buscam alternativas criativas para impulsionar os negócios

Minas Gerais é o segundo maior produtor de flores do país e 90% da produção voltada especialmente para o corte eram destinadas aos eventos. Com a suspensão dos casamentos, formaturas, aniversários e congressos, o setor foi um dos primeiros a sentir os impactos da pandemia de Covid-19.

Como forma de amenizar os prejuízos que vêm sendo acumulados pelo setor, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e suas vinculadas Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), lançou uma campanha no último mês para incentivar a população a presentear as mães com flores. O resultado foi positivo e para o Dia dos Namorados a secretária da pasta, Ana Maria Valentini, mantém a sugestão.

“As flores são o presente perfeito para esta data tão especial. Quando recebemos uma flor, nosso olhar se ilumina, naturalmente abrimos um sorriso, nos sentimos revigoradas e conectadas com a natureza. E o melhor de tudo isso é que ao presentear com flores, as pessoas estarão ajudando o setor de floricultura. Principalmente nossos pequenos produtores, que ficaram sem o seu ‘ganha pão’, de um dia para o outro, com o cancelamento dos eventos. Presenteie com uma flor e ajude os produtores de Minas Gerais”, incentiva.

O artista floral Messias Araújo é de uma família de produtores e distribuidores de flores e folhagens. Cresceu em meio a diversas histórias e vivências compartilhadas sob os olhares de quem cultiva, distribui e comercializa plantas. Com tanta bagagem e experiência acumuladas na fazenda em Igarapé, Araújo estudou artes florais e se tornou um premiado artista especializado em arranjos e decorações. Neste momento de crise, ele avalia que “é preciso enxergar além das flores”.

E este sentimento traduz o que a cadeia produtiva de flores e folhagens tem feito. Apesar de toda a crise e desafios, o setor tem se mobilizado e se reinventado, empreendendo com criatividade e buscando soluções.

A expectativa para a próxima sexta-feira (12/6), data em que se comemora o Dia dos Namorados, é grande. Produtores, distribuidores, lojistas e diversos profissionais que dependem do setor para sobreviver estão de olho nas oportunidades de nichos de mercado para que, mesmo com as limitações do atual cenário, consigam impulsionar as vendas e garantir sustentabilidade aos seus negócios.

Criatividade e estratégia

Produtor de rosas na cidade de Antônio Carlos, no Campo das Vertentes, Tiago Shima, associado da cooperativa de flores de corte Cooperflora, é uma inspiração para os pequenos produtores e para quem deseja empreender ou fortalecer seu negócio, seja na produção, distribuição ou vendas.

Bem antes do enfrentamento à Covid-19, Shima surpreendeu o mercado com um processo que mistura inovação e método artesanal em coloração de flores. Ou seja, não apenas as rosas vermelhas são opções para o Dia dos Namorados. As azuis também. Além da variedade de cores, cada rosa tem um detalhe diferente.

Entre tantas inovações, imprescindíveis para o momento atual, o produtor comenta que o segmento passa por um cenário de reestruturação e é fundamental saber o que o cliente quer. “Precisamos escutar mais os clientes, entender suas demandas e desejos, principalmente o consumidor final. Focar mais no profissionalismo e seriedade, tendo em mente que a criatividade e novas iniciativas são fundamentais para nosso setor”, analisa o produtor, que cultiva as rosas em uma área de 4,5 hectares e vende também para decoradores e profissionais de eventos.

“Esses públicos deixaram temporariamente de comprar as flores por causa do cancelamento de festas e eventos, medidas preventivas à Covid-19. O foco no momento é a comercialização para o varejo, como floriculturas e supermercados, além de centros distribuidores, locais que estão abertos durante a pandemia”, emenda Tiago Shima.

A Minas Flor Distribuidora, sediada em Belo Horizonte, está aberta para atendimento no varejo ou atacado. A equipe está seguindo todas as medidas de prevenção à Covid-19, como uso de máscara e álcool em gel. O especialista de Marketing da empresa, Luiz Otávio Camargo, conta que algumas estratégias adotadas para o Dia das Mães continuam nesta semana dos namorados.

“Apesar de nossas vendas terem sofrido queda na comparação com o Dia das Mães do ano passado, seguimos em frente com a comercialização de flores e folhagens, com a realização, por exemplo, de diversos sorteios de mudas de hortaliças e frutíferas em nossas mídias sociais. Também estamos em fase de restruturação para a implantação de vendas online”, divulga. A Minas Flor é proprietária de uma fazenda em Igarapé, Região Metropolitana de BH, onde cultiva hortênsias e diversas folhagens.

Variedade

Simone Reis, pesquisadora de flores da Epamig, comenta que as flores de corte, especialmente as rosas, realmente sempre foram destaque no Dia dos Namorados. “A cor vermelha, que remete ao amor e paixão, é líder de vendas no período. Hoje os buquês estão bem variados e há opções de usar somente a rainha das flores, como também fazer composições com folhagens e outras variedades”, explica.

Ela argumenta que as altroemerias se destacam no mercado mineiro. “São também flores belíssimas, com inúmeras cores disponíveis. Girassóis, lírios e outras tantas variedades podem expressar carinho e amor nessa data”.

Simone Reis lembra que as flores não têm potencial para transmissão da Covid-19, mas os cuidados essenciais devem ser tomados com embalagens e vasos. “Ao receber um buquê é preciso retirar e descartar o plástico que o envolve. Os vasos devem ser lavados ou higienizados com álcool”, recomenda.

Minas Consciente

O segmento de floricultura integra a primeira etapa de orientações para a reabertura das atividades comerciais no estado, denominada Onda Branca. A estratégia faz parte do programa “Minas Consciente - Retomando a economia do jeito certo”, lançado pelo Governo de Minas com o objetivo de promover o retorno gradual do comércio, serviços e outros setores de forma responsável e segura para a população. Para esta decisão, o Comitê Extraordinário Covid-19 considerou, entre outros critérios, a taxa controlada de ocupação de leitos nessas localidades. De acordo com o Governo de Minas, a ideia não é flexibilizar o isolamento social, mas, sim, organizar o isolamento, de forma que a população possa se adaptar à nova realidade imposta pelo coronavírus.

As informações completas sobre o Programa Minas Consciente estão disponíveis no endereço https://www.mg.gov.br/minasconsciente.

Fonte: Seapa