O Programa Nacional de Vigilância para Febre Aftosa (PNEFA) tem como estratégia principal a manutenção de zonas livres da doença, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela OMSA.
Em Minas Gerais, compete ao IMA o planejamento, a coordenação e execução do Programa que tem ações e responsabilidade compartilhada com o setor privado, dentre elas:
- Cadastrar e manter atualizados os dados de propriedades rurais com espécies suscetíveis (bovinos, bubalinos, suínos, caprinos e ovinos);
- Atender as suspeitas de doenças vesiculares;
- Fiscalizar eventos agropecuários (feiras, exposições, leilões e outras aglomerações);
- Realizar vigilância ativa em estabelecimentos com bovídeos considerados com maior probabilidade de ocorrência de doenças infectocontagiosas;
- Promover aperfeiçoamento e atualização continuada do cadastro agropecuário, do sistema de informação epidemiológica e do controle da movimentação de animais susceptíveis à febre aftosa, seus produtos e subprodutos, bem como a identificação e registro das propriedades de maior risco para introdução do vírus da Febre Aftosa;
- Realizar análise e controle de trânsito de animais susceptíveis à febre aftosa de seus produtos e subprodutos em Minas Gerais;
- Promover a educação e comunicação social em saúde animal;
- Promover capacitação continuada de recursos humanos;Realizar estudos soroepidemiológicos de circulação do vírus da febre aftosa.
Sobre a febre aftosa
O que é a Febre Aftosa?
Febre aftosa é uma doença infecciosa aguda que causa febre, seguida pelo aparecimento de vesículas (aftas) – principalmente na boca e nos pés de animais de casco fendido. A doença é causada por um vírus do qual existem 7 tipos, que produzem sinais clínicos similares. Os diferentes tipos só podem ser identificados em laboratório.
Como a Febre Aftosa é transmitida?
O vírus está presente em grande quantidade no fluido das vesículas e também pode ocorrer na saliva, no leite e nas fezes dos animais afetados. A contaminação de qualquer objeto com qualquer dessas fontes de infecção, é uma fonte perigosa de transmissão de um rebanho a outro. No pico da doença o vírus está presente no sangue. Animais infectados começam a
excretar o vírus poucos dias antes do aparecimento dos sinais clínicos. Os suínos eliminam grandes quantidades de vírus.
A transmissão via aérea da doença pode ocorrer e sob condições favoráveis de clima, a doença pode se espalhar por consideráveis distâncias por essa via.
Os animais adquirem o vírus pelo contato direto com outros animais infectados ou pelo contato com alimentos e objetos contaminados.
A doença é transmitida mecanicamente pela movimentação de animais, pessoas, veículos e outros que tenham sido contaminados pelo vírus. Caminhões, carretas, recintos de leilões, feiras e currais de embarque nos quais tenham circulado animais infectados são perigosas fontes de contaminação, caso não sejam devidamente desinfetados. Estradas podem também ser contaminadas e o vírus pode ser carreado nos pneus dos veículos
em trânsito.
Os calçados, roupas e mãos das pessoas que lidaram com animais doentes podem transmitir o vírus.
A Febre Aftosa pode ser transmitida às pessoas?
A transmissão para seres humanos é raríssima. Só existe um registro de Febre Aftosa em humanos na Grã Bretanha em 1966. Os efeitos gerais da doença na pessoa são muito similares à gripe com algumas aftas. A Febre Aftosa é uma doença de curta duração e autolimitante. A doença em animais não tem implicações para a cadeia alimentar humana. Existem várias
condições humanas com sintomas semelhantes que não têm nenhuma relação com a Febre Aftosa.
Quais espécies animais são susceptíveis à Febre Aftosa?
Os bovinos, ovinos, suínos e caprinos são susceptíveis. Também são susceptíveis os camelídeos (camelos, lhamas, alpacas, guanacos e vicunhas) e as espécies de animais silvestres de cascos fendidos, como capivaras, elefantes e outros animais de zoológico.
Quais são os sinais da Febre Aftosa?
Os principais sinais clínicos são aftas (vesículas) na boca ou nos pés e outros sinais, os quais podem incluir:
Bovinos– Febre, inquietação, salivação (babeira), dificuldade de mastigar e engolir alimentos, tremores, queda da produção de leite, dor nos tetos ao ordenhar ou amamentar, ferimentos nos pés e manqueira. O animal pode parar de ingerir alimentos e água, e tende a ficar isolado no pasto e posteriormente deitar. Estalar dos lábios e movimentos estranhos da mandíbula com
salivação ao redor dos lábios que cai no chão. O emagrecimento é marcante devido à febre e à dificuldade de alimentar, beber e locomover.
Ovinos e Caprinos – Febre, severa laminite, afetando uma ou mais patas, manqueira, tendência a deitar e não querer levantar, maior mortalidade nos animais jovens. Sinais clínicos na boca são menos frequentes.
Suínos – Febre, laminite aguda, inquietação, dificuldade de mastigar e engolir alimentos. Sinais clínicos na boca são menos visíveis, mas podem ocorrer vesículas no focinho e na língua.
Quais tipos de vírus existem?
Existem 7 tipos principais: O, A, C, SAT. 1, SAT. 2, SAT. 3 e Ásia 1. Dentro de cada tipo existem vários subtipos, e.g. O1 e A22. O período de incubação médio é de 3-8 dias, mas pode ser mais curto ou pode se estender até 14 dias ou mais. Quando os animais se recuperam da infecção por um tipo de vírus eles não ficam protegidos contra infecções por outros tipos.
Como o vírus é destruído?
O vírus pode ser destruído pelo calor, luz solar, baixa umidade ou certos desinfetantes. Entretanto, ele pode permanecer ativo por longos períodos de tempo em condições favoráveis, tais como: carnes congeladas ou resfriadas, não maturadas, de animais infectados, ou objetos contaminados.
Quais os efeitos da Febre Aftosa?
A doença raramente é fatal, exceto nos casos de animais muito jovens, os quais podem morrer sem apresentar sintomas. Os efeitos secundários da febre aftosa são muito sérios, pois os animais afetados perdem condição corporal e produção e frequentemente ocorrem infecções secundárias que prolongam a convalescência. A perda de produção de leite e carne é severa.
O principal efeito da Febre Aftosa é comercial. A ocorrência da doença afeta enormemente a abertura dos mercados aos produtos de origem animal. Devido ao alto poder de difusão do vírus e à possibilidade de sua veiculação por grandes distâncias e períodos de tempo sob condições favoráveis, os países estabelecem fortes barreiras à entrada de produtos oriundos de regiões onde ocorreram casos da doença. Estas barreiras têm um efeito devastador para a pecuária e toda a economia do país, com graves consequências sociais. A identificação da infecção pelo vírus, independente da apresentação de sinais clínicos já é considerada um foco da doença, impedindo a comercialização de animais, produtos e subprodutos de origem de
animais susceptíveis para zonas e países livres da doença.
A Febre Aftosa tem cura?
Não existe tratamento. Ela normalmente cumpre seu curso de 2 a 3 semanas, quando a maioria dos animais se recupera naturalmente. O sacrifício sanitário permanece como a medida de controle principal para evitar a difusão da doença, o que provoca desastres econômicos e problemas relacionados ao bem-estar animal.
O que acontece quando um animal suspeito é encontrado?
O proprietário, criador ou tratador de um animal suspeito deve, obrigatória e imediatamente, comunicar ao serviço veterinário oficial mais próximo. O proprietário ou criador não é capacitado para diagnosticar a doença, mas ele deve conhecer os principais sinais clínicos que levam a suspeitar. Todos devem procurar se familiarizar com os sintomas da doença e chamar um veterinário o mais rápido possível; nunca pedir opinião aos vizinhos e outros leigos, o que pode acelerar a transmissão entre fazendas.
Restrições são impostas nas fazendas desde o momento da notificação, proibindo qualquer movimentação de animais, pessoas e materiais, sem a autorização, até que o serviço veterinário oficial faça as devidas investigações. Se sinais sugestivos de Febre Aftosa estão presentes nos animais, o serviço veterinário oficial aplica um termo de interdição, proibindo as movimentações de animais das fazendas localizadas dentro de um raio pré-estabelecido, adota medidas de biossegurança, para impedir sua disseminação, e inicia a investigação epidemiológica e colheita de amostras dos animais afetados para envio aos laboratórios oficiais de diagnóstico. Com os resultados de laboratório e da investigação epidemiológica, o serviço veterinário oficial decidirá pela desinterdição da área ou declaração de foco de Febre Aftosa.
O que acontece quando a doença é confirmada?
Ocorrendo a confirmação do foco de Febre Aftosa, será estabelecida uma zona de proteção com um raio mínimo definido pelo serviço veterinário oficial em volta das áreas com animais infectados e uma zona de vigilância, também com raio mínimo definido pelo serviço veterinário oficial.
A ocorrência será amplamente comunicada a toda a comunidade nacional e internacional, a movimentação de animais e pessoas das propriedades será controlada e medidas de bioseguridade serão intensificadas. Um desinfetante apropriado deverá ser usado para calçados, roupas e veículos antes de entrar e sair das áreas afetadas. O mais breve possível, após a confirmação da doença, os animais susceptíveis das áreas atingidas deverão ser avaliados para compensação ao produtor, sacrificados e suas carcaças devidamente destruídas ou destinadas a tratamento para inativação do vírus. Um criterioso trabalho de vigilância sanitário se iniciará, visando eliminar as fontes de infecção e restabelecer a condição de área livre da doença.
Quanto antes os animais infectados forem identificados, melhor o controle, menores os danos aos rebanhos da região, e mais rápida a recuperação da condição sanitária.
Fonte: Ministério da Agricultura, Peucária e Abastecimento