28/02/2024
Produção avícola nacional é testada para garantir ausência de doenças
Mais de 130 propriedades mineiras com produção comercial ou doméstica, foram selecionadas para o inquérito soroepidemiológico
Minas Gerais passa por um trabalho de vigilância sanitária da produção de aves, encabeçado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e com previsão de encerramento em junho deste ano. Foram selecionadas 34 propriedades que criam aves para consumo próprio e 105 propriedades envolvendo a avicultura industrial. A finalidade deste inquérito soroepidemiológico, como é chamado, é garantir que não há circulação de doenças aviárias no estado, incluindo a influenza aviária e a Doença de Newcastle.
A principal ação deste inquérito é a coleta de material biológico, feita pelos técnicos do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), autarquia vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Foram selecionadas áreas de todo o estado, porém aquelas com produção avícola comercial relevante têm um número maior de propriedades monitoradas. No caso das aves de subsistência, aquelas de fundo de quintal, as áreas escolhidas foram aleatórias, cobrindo todo o território mineiro, sempre baseada na análise de risco feita pelo Mapa.
Esta análise leva em consideração, principalmente, o município, os sítios de invernada (locais de descanso), a reprodução de aves silvestres e a densidade de alojamento. Todo esse estudo é feito com base num sistema da Universidade de São Paulo (USP) e coordenado pelo Mapa. Este plano de vigilância é dividido em cinco tópicos, porém os dois principais são: a vigilância ativa, quando técnicos do Serviço Veterinário Oficial (SVO) vão até as propriedades; e a vigilância passiva, realizada a partir das notificações recebidas pelo SVO.
O resultado deste inquérito, emitido pelo Mapa, tem abrangência nacional. Fica a cargo de cada estado mobilizar seu Serviço Veterinário Oficial para coletar as amostras e enviá-las para análise no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Campinas (LFDA), no estado de São Paulo. O resultado, tanto em Minas Gerais, quanto no resto do Brasil tem sido negativo para as doenças de New Castle e influenza aviária desde 2009.
“Este trabalho requer uma logística bem pensada por parte do IMA, pois é preciso considerar o período da coleta, o tempo de envio e de recebimento da amostra no LFDA de Campinas. É preciso ter o cuidado de não coletar e enviar todas as amostras do estado ao mesmo tempo, evitando, assim, uma sobrecarga para o laboratório”, explica Izabella Hergot, médica veterinária e coordenadora do Programa de Sanidade Avícola do estado.
O resultado do inquérito epidemiológico dá garantias ao mercado internacional sobre a saúde da produção brasileira, fortalecendo ainda mais a economia do país.
Cadastro da produção de subsistência em Minas Gerais
A necessidade de cadastro da produção doméstica, ou seja, de subsistência, no IMA, é antiga, pois essas aves também oferecem um risco para aquelas criadas comercialmente para reprodução.
“Muitas vezes nossos técnicos vão fiscalizar determinada propriedade que cria bovinos, mas percebe que há a criação de aves e também realiza esse cadastro no local, mesmo que não tenham finalidade comercial”, revela a médica veterinária. Atualmente, o IMA conta com cerca de 18 mil propriedades produtoras de aves de subsistência cadastradas em todo o estado.
A criação doméstica pode oferecer risco para o plantel mineiro por viverem livres e, muitas vezes, sem as medidas de biosseguridade obrigatórias para as granjas comerciais. “Elas estão sujeitas a doenças como o botulismo, causada por uma bactéria que provoca paralisia nas aves”, conta Izabella Hergot.
Apesar de o botulismo não trazer danos para a saúde humana, pode ser facilmente confundida com a Doença de New Castle ou mesmo a influenza aviária, o que alerta o produtor. Nesses casos, notificar o IMA da suspeita dessas doenças é fundamental para a manutenção da saúde das aves do estado.
Perigo iminente
Nosso país não está livre da gripe aviária. Apesar de não termos casos da doença em produções de subsistência ou comercial, o perigo vem de fora. Aves migratórias podem trazer o vírus e contaminar a produção de Minas Gerais.
No fim de 2023, o governo do estado sancionou uma lei que trata de ações que prevêem a biosseguridade da produção avícola mineira, além de ratificar ações que já eram necessárias, mas que agora se tornaram obrigatórias, como a utilização da Guia de Trânsito Animal (GTA) para transportar aves dentro do território mineiro. A partir da publicação da Lei 24.674, o produtor que transportar animais sem a GTA pode ser multado. A principal função da nova lei é coibir a clandestinidade, um risco à saúde do plantel mineiro.
Importância econômica
O Brasil é um país de destaque na produção avícola mundial. Minas Gerais é o sexto estado que mais produz aves de corte e o segundo maior produtor de ovos no país, representando 19,33% da exportação nacional, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Doenças como a influenza aviária ou New Castle podem trazer embargos às exportações de produtos, o que pode causar quebra da economia nacional.
Além disso, muitas famílias dependem da produção avícola, principalmente em Minas. O trabalho de defesa sanitária avícola visa, não somente a saúde dos mineiros, mas também a saúde econômica da população.
Assessoria de Comunicação do IMA
Redação: Igor Torres
Foto: Pexels
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